É melhor investir em um imóvel pensando em revender do que em alugar. Em São Paulo, enquanto o preço do metro quadrado para empreendimentos novos subiu 4,5% nos últimos 12 meses, o aluguel não acompanhou o ritmo e desvalorizou 3%, segundo os dados mais recentes do Secovi-SP (sindicato do setor imobiliário).
“A renda do aluguel, comparada a de outros investimentos, tem um retorno menor do que a poupança”, diz Elisson de Andrade, doutor em economia e palestrante de educação financeira.
Apesar disso, o mercado imobiliário tem uma variável que pode fazer a aposta valer a pena: a valorização da região. “A poupança não vai subir além do previsto”, complementa Andrade.
Segundo ele, unir os dois tipos de estratégia (aluguel e revenda) é a melhor opção. “A pessoa pode comprar um imóvel com o objetivo final de vender, porque acha que o mercado vai valorizar, e, enquanto espera isso acontecer, colocar um inquilino no apartamento”, aconselha.
Assim, dá para se livrar de gastos com taxas de condomínio, IPTU, luz e água. Além disso, o valor do aluguel pode ser abatido da parcela de financiamento do imóvel.
O QUE COMPRAR
Antes de apostar em um apartamento na planta é preciso estudar as variáveis que interferem na valorização ou na desvalorização da unidade. Tamanho, localização, preço e mudanças no entorno são as principais.
“Como regra geral o investidor deve preferir empreendimentos bem localizados, mas que não sejam extremamente caros, para terem mais liquidez na hora de vender”, diz Celso Amaral, da Amaral d’Ávila Engenharia de Avaliações e diretor da consultoria imobiliária Geoimovel.
Tradicionalmente, imóveis de dois quartos representam a maior demanda na capital paulista e, por isso, revendem mais facilmente. Uma planta funcional, com áreas bem aproveitadas, também ajuda a valorizar a unidade.
Outra regra importante é que compradores sempre preferem empreendimentos próximos de shoppings, áreas comerciais e transporte público -principalmente no caso de apartamentos de um dormitório, com poucas vagas de garagem.
ONDE COMPRAR
Existem regiões e nichos de mercado mais interessantes do que outros. Áreas consolidadas, como a zona sul da capital, e em crescimento, como a zona leste, costumam reunir boas oportunidades.
Para o engenheiro civil João da Rocha Lima Junior, do Núcleo de Real Estate da Escola Politécnica da USP, enxergar os movimentos de potencial valorização na cidade pode ajudar o investidor a ganhar mais -ou pelo menos manter o valor do seu imóvel em tempos de recessão.
“São Paulo, aos poucos, vai descobrindo novas zonas porque precisa abrigar todo o seu crescimento. Se você conseguir enxergar essas ondas de crescimento, pode fazer especulações”, afirma.
Uma das pistas, segundo o arquiteto e urbanista Eduardo Nardelli, é a construção de equipamentos públicos como novas linhas do Metrô e da CPTM. “Só o anúncio de uma nova estação já é um fator de valorização”, afirma.
Uma das áreas que devem passar por uma valorização nos próximos anos, de acordo com Lima Junior, é a região entre a Francisco Matarazzo e a marginal Tietê, conhecida como Várzea da Barra Funda, na zona oeste.
“Ali você tem uma região enorme, com muitos terrenos e galpões que seguramente terão um grau de ocupação residencial importante no futuro”, afirma.
Fonte: Folha de SP