Crédito imobiliário desaba em maio após freio da Caixa

Os números de maio do crédito imobiliário deixam claro o tamanho do estrago que a escassez de dinheiro na caderneta de poupança trouxe para o financiamento da casa própria. Também mostram o quão dependente a modalidade é da Caixa Econômica Federal, que reduziu radicalmente a liberação de empréstimos e, pela primeira vez, perdeu a liderança no crédito habitacional com recursos da poupança.

Dados obtidos com exclusividade pelo Valor mostram que, em maio, foram desembolsados R$ 3,608 bilhões em financiamento habitacional para aquisição de imóveis com recursos da poupança, uma queda de 51% ante o mesmo mês de 2014 e também de 51% na comparação com abril. Tal cifra só se compara à liberada em 2011, antes do salto da modalidade.

As informações são parte de um levantamento preliminar restrito que a Abecip, associação que reúne empresas de crédito imobiliário, divulga aos associados. A amostra contempla apenas operações que tiveram “funding” da poupança, o que exclui o programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV). Procurada, a Abecip não retornou pedido de entrevista.

Foi a Caixa a grande responsável por essa redução no crédito habitacional. O banco estatal, historicamente o principal financiador da casa própria do país, desembolsou R$ 725 milhões em operações para mutuários em maio. Em abril, o banco havia liberado R$ 4,798 bilhões, ou seja, houve uma queda de 85% na comparação com mês imediatamente anterior. Em maio do ano passado, o banco público desembolsou R$ 4,438 bilhões.

Desde 4 de maio, a Caixa passou a financiar apenas 50% do valor de um imóvel usado, no Sistema de Amortização Constante (SAC), e até 40% na tabela Price. Também no meio de abril, o banco público anunciou, pela segunda vez no ano, aumento nos juros do financiamento habitacional. Em algumas linhas, os reajustes chegaram a até 80 pontos-base.

O desempenho da Caixa em maio levou à quebra de um paradigma no crédito habitacional brasileiro: o banco público perdeu a liderança do mercado.

Em abril, a Caixa respondia por 65,1% do volume desembolsado para mutuários, participação que encolheu para 20,1% em maio. A liderança passou para as mãos do Itaú Unibanco (24,9%), seguido pelo Bradesco (20,4%) e pelo Santander (20,2%). Apenas para fins de comparação, em abril, o Itaú tinha 11,4% de participação, o Bradesco 6,6% e o Santander, 9,1%.

A mudança na participação de mercado também mostra que, embora longe de compensar o freio da Caixa, os bancos privados conseguiram desembolsar um volume maior de recursos para aquisição de imóveis em maio. O Itaú desembolsou 12% a mais que no mesmo mês de 2014, ou R$ 898 milhões. O Bradesco, 17% a mais, com R$ 735 milhões, enquanto o Santander incrementou em 8%, com R$ 729 bilhões.

Procurada, a Caixa afirmou que sua prioridade neste ano serão linhas com recursos do FGTS, como o MCMV. “É nessa faixa de renda que está concentrado mais de 90% do déficit habitacional. A Caixa ressalta que mantém a liderança para este público, com o market share de 90,8% em termos de estoque e 77% em termos de aplicação”, citou em nota.

Ainda que os dados de maio tenham sido significativos em mostrar o tamanho do freio do crédito imobiliário brasileiro, são os de junho que darão um melhor quadro do semestre, segundo bancos ouvidos pelo Valor.

O motivo é a série de medidas lançadas pelo governo neste mês que previam uma injeção de cerca de R$ 25 bilhões para o crédito imobiliário. O Banco Central (BC) mudou as regras do depósito compulsório da poupança, aumentando o volume de recursos disponíveis para financiamento habitacional, e o governo permitiu uso adicional de recursos do FGTS.

Embora a redução no crédito para aquisição de imóveis tenha sido significativa, nos empréstimos para construção de imóveis o quadro foi melhor. Nessa linha, foram desembolsados R$ 1,828 bilhão, uma queda de 6% na comparação anual, com avanço de 32% ante abril. O financiamento à construção com recursos da poupança é uma linha em que a Caixa tem atuação significativamente menor, portanto menos sujeita a flutuação de suas estratégias.

O desempenho do crédito imobiliário tem a ver com o tombo na captação da sua principal fonte de recursos, a caderneta de poupança. Os saques têm superado com folga os depósitos neste ano por conta da perda de atratividade do investimento, diante da alta dos juros e do aperto no orçamento das famílias.

No acumulado do ano até 17 junho, a retirada líquida da caderneta somava R$ 38 bilhões. A Abecip projeta que a poupança encerre 2015 com resgate de R$ 50 bilhões.

A alta da Selic inviabiliza que recursos captados a taxas de mercado sejam usados para o crédito habitacional, sem que os juros cobrados cheguem a níveis assustadores.

Fonte: Jornal Valor Econômico

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