Câmbio faz brasileiro investir menos na Flórida

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O grande fluxo de brasileiros em busca de imóveis novos, espaçosos e baratos nos Estados Unidos ficou para trás. Com o dólar comercial na casa dos R$ 3,40, o brasileiro deixou de lado o sonho dourado de ser dono de um apartamento na Flórida e até mesmo aqueles que conseguiram adquirir um imóvel no período em que a taxa cambial era favorável, já não viajam com a frequência de tempos não tão distantes. “Houve uma mudança no perfil do comprador. O brasileiro que vinha quatro vezes ao ano passou a vir apenas duas. Hoje, os principais compradores são famílias que estão se mudando”, diz a corretora Christiane Brooks, CEO da Chris Brooks Realty, que atua há 18 anos no mercado imobiliário em Miami e Orlando.

Até o final de novembro, a Chris Brooks fechou 59 operações de vendas dirigidas a brasileiros, confirmando a tendência de queda iniciada em 2015, quando foram comercializadas 127 unidades. O recorde de vendas aconteceu em 2014, com 230 negócios, motivados principalmente pela cotação do dólar, que vinha se mantendo na faixa de R$ 2,35 desde o ano anterior. Segundo Christiane, o mercado imobiliário em Miami passa por um período de ajustes de preços em razão da grande oferta no estoque de imóveis novos. “Houve um boom de construção nos últimos anos e foram entregues muitas unidades em 2015 e 2016. O brasileiro era um forte cliente estrangeiro e deixou de comprar.”

Além do câmbio, as baixas taxas de juros contribuíram para estimular o acesso dos brasileiros até o início da década: é possível financiar a compra de um imóvel em até 30 anos a uma taxa média anual de 5%, enquanto no Brasil as taxas médias giram em torno de 12%.

Apesar da queda na demanda, a Flórida oferece boas oportunidades de negócios. “É possível comprar um apartamento de 80 metros quadrados em Miami por US$ 300 mil”, afirma Synesio Sepulcre, supervisor da Century 21, considerada uma das maiores redes imobiliárias globais. Neste ano, a filial brasileira encaminhou 20 potenciais clientes para a loja de Miami; em 2015 foram cerca de 70.

Os preços na Flórida variam conforme a região. Em Miami, o preço do metro quadrado em áreas nobres equivale ao de locais próximos da orla em capitais litorâneas. Mas, comparados com os cobrados na Zona Sul do Rio de Janeiro (avenidas Vieira Souto e Delfim Moreira), é possível fechar bons negócios. “Um apartamento de 260 metros quadrados na Ocean Drive, principal avenida de Miami, sai por volta de US$ 2 milhões, o mesmo preço de um imóvel de 100 metros quadrados na beira mar em Ipanema ou Leblon”, diz Eduardo Schaeffer, CEO do portal Zap Imóveis.

Preços ainda mais acessíveis podem ser encontrados nas proximidades de Orlando ou na região litorânea, ao norte de Miami. Quem já possui o imóvel, há a possibilidade de locação por curtas temporadas, o que não é permitido oficialmente em Miami, mas estimulado em outras regiões, como na cidade de Kissimmee, no condado de Osceola County, perto da região dos mega parques de diversões.

Fora dos Estados Unidos, o setor imobiliário tem voltado suas atenções para Portugal em razão dos incentivos anunciados no ano passado pelo governo local. Atualmente, o estrangeiro que investir € 500 mil (o que inclui a compra de um imóvel) em território português pode pleitear o visto de residência em cinco anos e pedir a cidadania em seis. “Ainda não há muitos casos, mas a procura tem crescido”, diz Sepulcre, da Century 21. As regiões mais procuradas são as de Cascais, Estoril, Lisboa e na região da cidade do Porto.

Em Portugal, os brasileiros buscam casas e apartamentos reformados na faixa de € 400 mil a € 500 mil. “Os brasileiros, embora em volume menor, estão entre os principais compradores, atrás dos franceses, russos e chineses. Mas o objetivo é residência e não negócio”, diz Christiane, da Chris Brooks.

Já os países vizinhos saíram do radar dos brasileiros, principalmente o balneário de Punta Del Este (Uruguai). “Há três anos, tínhamos parceria com cerca de 100 imobiliárias da região. Hoje, são apenas 40. A queda de renda pesou e há o agravante de ser uma região turística apenas no verão, o que dificulta a locação em outras estações”, diz Schaeffer, do portal Zap.

A compra de um imóvel no exterior exige minucioso estudo das questões tributárias do país, alerta a tributarista Ana Cláudia Utumi, do escritório TozziniFreire Advogados. Todo imóvel no exterior deve anualmente ser comunicado ao Banco Central e constar da declaração de Imposto de Renda. No ato da compra, nos Estados Unidos, a recomendação é uma Sociedade de Responsabilidade Limitada (LLC), que protege o proprietário em caso de indenizações por acidentes com terceiros no imóvel. Na venda, deve-se pagar o ganho de capital no Brasil. Até ganhos de capital por locação temporária via Airbnb devem constar da declaração de Imposto de Renda. “A tendência é que a Receita seja cada vez mais rigorosa no cruzamento de dados”, diz a advogada.

Fonte: Valor Econômico por Guilherme Meirelles

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