Caixa volta a subir juros do crédito habitacional

Menos de um mês após apresentar um pacote de medidas destinadas a estimular o crédito imobiliário, a Caixa Econômica Federal anunciou uma nova rodada de aumento nas taxas de juros do financiamento da casa própria – a quarta desde janeiro do ano passado. Desta vez, porém, a intensidade do encarecimento superou a de ocasiões anteriores. Em algumas linhas, o aumento chegou a 1,32 ponto percentual sobre a taxa cobrada anteriormente.

As novas taxas valem desde 24 de março. A mudança afeta apenas imóveis financiados no âmbito do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimos (SBPE), ou seja, não engloba o Minha Casa, Minha Vida.

Os juros mais altos tendem a tirar parte da potência do pacote de estímulos anunciado no começo do mês pela presidente da instituição financeira, Miriam Belchior. A Caixa recebeu um reforço de R$ 16,1 bilhões em recursos do FGTS, que permitiu que elevasse o percentual financiado em imóveis usados (que havia reduzido em 2015) e reabrisse linhas de crédito para compra de imóveis usados.

Questionada sobre os motivos da subida de juros, a Caixa informou, por meio de nota, que “o aumento da taxa de juros está associado à composição do funding da carteira de crédito imobiliário (SBPE), ou seja, é impactado pelo comportamento dos depósitos da poupança.” O banco afirmou que a elevação das taxas é “consequência natural do comportamento da economia” e “não está associada ao aquecimento ou à restrição de demanda”.

O último reajuste havia sido feito em outubro. A taxa básica de juros (Selic) permaneceu estável de lá para cá. A poupança, porém, é outra história. A caderneta voltou a apresentar volumes recordes de saques no começo do ano – até 18 de março, registrava R$ 19,5 bilhões em resgates líquidos.

Desde 2015, a saída de dinheiro da poupança fez com que os bancos, em especial a Caixa, precisassem reduzir o ritmo de concessão de crédito habitacional. A alternativa é usar as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) como fonte de funding para a modalidade. A questão é que esse é um instrumento mais caro que a caderneta e pressiona as taxas de juros cobradas.

No ano passado, a situação chegou a um ponto tão crítico que a Caixa perdeu momentaneamente a liderança nos desembolsos de crédito habitacional com recursos da poupança, algo inédito. O BC liberou parte dos depósitos compulsórios da poupança para aliviar a queda na modalidade, mas os efeitos foram modestos. Em fevereiro deste ano, a modalidade teve o pior mês desde 2010, com R$ 3,2 bilhões concedidos, depois de encerrar 2015 com desembolsos 33% menores que o ano anterior.

Do pacote de estímulos anunciados pela Caixa, o FGTS vai destinar R$ 6,7 bilhões para comprar carteiras de crédito habitacional do banco, o que lhe permitiria voltar a acelerar o crédito com recursos da poupança. Na visão de analistas, essa medida também ajudará o banco a melhorar o spread médio dessa carteira, uma vez que o FGTS compra créditos originados com margens menores e o banco os substitui pelas novas operações, com taxas maiores.

Fonte: Jornal Valor Econômico

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