Os preços de imóveis na cidade de São Paulo vão ser pressionados devido às regras mais restritivas para aproveitamento dos terrenos, conforme estabelece o Novo Plano Diretor.
O projeto foi aprovado nesta semana pela Câmara Municipal e entrará em vigor após a sanção do prefeitoFernando Haddad e sua publicação no Diário Oficial, o que deve acontecer nos próximos dias.
O Novo Plano Diretor incentiva a construção em quarteirões já atendidos por transporte público, como corredores de ônibus e estações de metrô e trem. Nos entornos dessas áreas serão liberadas edificações maiores.
Por outro lado, o plano inibe prédios nos miolos dos bairros, onde a mobilidade é menor. Aí o potencial de aproveitamento dos terrenos será mais reduzido. Por conta disso, são esperados aumentos nos preços de terrenos e nas outorgas onerosas – contrapartida financeira paga pelas empresas para que se possa construir para além do potencial construtivo básico definido em cada região.
De acordo com levantamento do banco Credit Suisse, o custo de terrenos e outorgas deverá subir 40%, em média, em 80% da área da cidade.
Relatório assinado pelos analistas de construção civil Nicole Hirakawa, Luis Stacchini e Vanessa Quiroga, calcula que isso represente perda de 8 a 10 pontos porcentuais na margem bruta dos projetos das incorporadoras, caso esse aumento não seja repassado para o preço final dos imóveis.
Em contrapartida, os analistas calculam que o custo de produção caia em média 30% nos 20% restantes da cidade, onde haverá incentivo devido à proximidade aos eixos de transporte.
Para o vice-coordenador do Núcleo de Mercado Imobiliário da Universidade de São Paulo, Cláudio Alencar, a tendência é de elevação no preço final dos imóveis para o consumidor. “Vai haver valorização, principalmente nos miolos dos bairros, onde há limitações para lançamentos. Como a demanda existe e a oferta não vai conseguir atender, os preços vão subir”, explica.
O presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Cláudio Bernardes, avalia que também é possível haver subida de preços nas regiões onde haverá incentivos para construção.
A liberação de edifícios mais altos em áreas próximas a opções de transporte pode provocar uma procura maior de incorporadoras por essas regiões. “Os proprietários dos terrenos vão perceber o que está acontecendo e vão colocar um sobrepreço”, estima. Segundo Bernardes, o preço final dos imóveis para o consumidor deverá ficar 5% maior ao redor dos eixos de transporte público e até 15% nos centros dos bairros.
Como os imóveis já são muito caros para boa parte da população e as incorporadoras estão com as margens de rentabilidade apertadas, é possível que o lançamento de novos projetos fique inviável em algumas regiões, como nos miolos dos bairros. “Se a conta não fechar, as incorporadoras vão migrar seus projetos para outros locais, como cidades da região metropolitana”, prevê Alencar.
Fonte: portal exame.abril.com.br
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