Microapartamentos ganham adeptos em meio à desaceleração do mercado imobiliário

Um terço das unidades lançadas entre 2013 e 2014 era compactaEduardo Enomoto/R7

Há um ano, o psicanalista e arquiteto Percival Deimann, de 55 anos, consolidou a ideia de mudar de vida. Ele e a mulher arrumaram as malas, saíram de uma casa com 500 metros quadrados e passaram a morar em um local 11 vezes menor, de 43 metros quadrados.

O atual imóvel de Deimann integra a lista de compactos, padrão que tem atraído a nova geração de moradores das grandes metrópoles e se destacado em meio a uma aparente desaceleração do mercado imobiliário.

De acordo com o psicanalista, a decisão de se mover para um local menor foi motivada por um projeto cuja intenção era consumir menos. Para o plano dar certo, ele afirma que foi necessário deixar muita coisa para trás.

— Eu trabalhei uma questão de desapego e fiz uma mudança radical na minha vida (…) Vendi minha empresa e passei a imaginar que podia viver a vida com menos coisas, consumindo menos para viver em função daquilo que eu tenho.

O segmento dos compactos atravessa um movimento na contramão do setor imobiliário, na avaliação dos especialistas consultados pelo R7. Em 2014, o estoque de imóveis não vendidos na cidade de São Paulo chegou a 27,3 mil unidades, pior desempenho em pelo menos dez anos. Na tentativa de recuperar os clientes, o setor já começou 2015 com descontos e facilidade nos pagamentos.

Segundo o economista-chefe do Secovi-SP (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo), Celso Petrucci, essas moradias menores são fruto de uma mudança nos padrões habitacionais, que tomou conta das grandes cidades ao longo dos últimos anos.

— Até 2012, somente 8% dos imóveis oferecidos na cidade de São Paulo eram apartamentos de um dormitório. Essa oferta variou de 30 mil a 35 mil unidades por ano. A partir de 2012, percebemos essa tendência de se ofertar apartamentos de um dormitório.

Para Petrucci, esse tipo de apartamento “dominou o mercado” no ano passado. Ele afirma que entre 2013 e 2014 foram lançadas em São Paulo 65 mil unidades, das quais quase um terço (20 mil) tinha apenas um dormitório.

Alexandre Lafer Frankel, CEO da Vitacon Incorporadora, empresa que já lançou mais de 3.500 unidades com espaço entre 18 e 50 metros quadrados, também avalia que a expansão foi causada pelos novos moldes da sociedade.

— De todos os mercados, o que ainda continua mais aquecido e com melhor performance é o de unidades compactas. Então, na nossa análise, existe uma mudança social.

Apesar da fala dos representantes do setor, foram os imóveis de dois dormitórios que se destacaram no primeiro mês deste ano, período que registrou queda de 28% na venda de imóveis novos, de acordo com o Secovi. Durante o mês, o sindicado informa que foram comercializadas 313 unidades com dois dormitórios (43%) e 252 com apenas um quarto.

Deimann diz estar feliz com o imóvel de 43 metros quadrados, mas avalia que alguns setores ainda não estão prontos para oferecer facilidades aos moradores dos compactos.

— A gente sabe que o mercado brasileiro ainda não está adaptado ainda com mobiliário e nem com eletrodomésticos como o mercado japonês ou o norte-americano. Então, falta muito ainda nessa área para viabilizar os pequenos espaços.

Mais caros

Apesar de pequenos, se o comprador colocar os valores na ponta do lápis e comparar o preço dos apartamentos com espaço reduzido, vai verificar que eles possuem um metro quadrado mais caro do que os modelos maiores. Frankel afirma que “é natural” que esses imóveis tenham um espaço mais valorizado.

— A gente tem que levar em conta é que o custo dele de produção é um pouco mais alto por conta de o número de vagas [de garagem] para uma unidade pequena serem maiores e o número de banheiros e cozinhas também serem maiores.

Petrucci lembra ainda que o Plano Diretor anterior da cidade de São Paulo estabelecia que todo apartamento residencial deveria ter ao menos uma vaga de garagem. Com as novas normas, o economista-chefe do Secovi avalia que o número de imóveis com apenas um dormitório deve se tornar ainda mais comum.

— O novo plano pode consolidar essa tendência de apartamento de um dormitório, porque eles podem estar perto de uma estação de metrô. Agora eu posso fazer 200 apartamentos de um dormitório e resolver fazer 20 vagas de garagem.

Fonte: Portal R.7 noticias

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