Fuga das cadernetas reduz o mercado de imóveis

O saque líquido nas contas de poupança do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) atingiu R$ 2,3 bilhões em julho e R$ 38,5 bilhões nos primeiros sete meses do ano, segundo o Banco Central. Mesmo incluindo os rendimentos da aplicação (0,5% ao mês, mais a TR), os saldos da aplicação caíram de R$ 522,3 bilhões em dezembro do ano passado para R$ 504,6 bilhões em julho. Como a aquisição de imóveis em geral depende de financiamento de longo prazo – e os de menor custo têm por base os recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e das cadernetas –, os saques na poupança afetam crescentemente o mercado de moradias, não só do ponto de vista da oferta de crédito, mas dos preços pedidos pelos bens.

Incluindo a poupança rural do Banco do Brasil, com saldo de R$ 143 bilhões, as retiradas líquidas de julho, de R$ 2,5 bilhões, foram as maiores em duas décadas e, no ano, já se aproximam dos R$ 41 bilhões.

No primeiro semestre, as operações de empréstimo do SBPE caíram 15,8% em relação a igual período de 2014, saindo de R$ 53,8 bilhões para R$ 44,8 bilhões. Foram financiados 200 mil imóveis, 22,1% menos do que no primeiro semestre de 2014. Esses números são os que revelam com mais clareza o custo da fuga das cadernetas, cujo rendimento líquido pouco superior a 0,7% ao mês é inferior não apenas à inflação, mas aos ativos concorrentes, a começar dos fundos DI, cuja renda é atrelada à taxa Selic.

Os saques nas cadernetas obrigaram o principal agente financiador, a Caixa Econômica Federal (CEF), a reduzir os empréstimos, cortando os porcentuais máximos de financiamento. A liberação de depósitos compulsórios sobre as cadernetas apenas atenuou as restrições. Na semana que vem, a CEF não mais fará empréstimo novo a clientes que já têm empréstimo em curso.

Mesmo com a redução real medida pelo índice FipeZap de cerca de 5% dos preços pedidos pelos imóveis nas 20 principais cidades brasileiras, a aquisição da residência própria já era afetada pelo fato de que muitos mutuários potenciais procuravam adiar a tomada de crédito, temendo o risco de desemprego e da perda de poder aquisitivo do salário provocada pela inflação.

O IPCA de 9,56% em 12 meses, até julho, divulgado pelo IBGE, supera grande parte dos reajustes salariais e afeta a decisão de adquirir bens. Sem crédito farto e de baixo custo, o mercado imobiliário não pode retomar o ritmo de atividade.

Fonte: Jornal O Estado de São Paulo

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