Bairros que já nascem digitalizados

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Por: Valor Econômico – Martha Funke

Os projetos Granja Marileusa, em Uberlândia (MG), e Smart City Laguna, em Croatá (CE) reproduzem o conceito de cidades inteligentes aplicado em iniciativas mundiais como Songdo, na Coreia do Sul, distrito com forte apelo tecnológico e requintes como ruas sensorizadas e conexão por telepresença em residências, e Masdar, nos Emirados Árabes, bairro piloto para aplicação de tecnologias sustentáveis.

O bairro mineiro foi criado pelo grupo Algar em uma fazenda do fundador, Alexandrino Garcia, com pouco mais de 2 milhões de m2 para abrigar residências, comércio e empresas. Em 2013, seu primeiro lançamento residencial em parceria com a construtora Realiza teve as 95 casas com 145 m2, monitoramento por vídeo e fibra óptica vendidas em quatro horas por preço médio de R$ 480 mil cada, lembra o diretor da Granja, Flávio Resende. Logo depois, o loteamento Alphaville 1, com lotes a partir de 500 m2, foi liquidado em um fim de semana.

O bairro tem infraestrutura enterrada de redes de energia e dados, com oito dutos de telefonia e redundância. O espaço corporativo reúne a Algar Tech, a universidade corporativa e a holding do grupo. Também atraiu a Cargill e, em parceria com o poder público, nasceu um micro polo tecnológico e espaço de coworking para atrair empresas inovadoras.

A iniciativa estimulou a criação do projeto Cidades Conectadas, parceria da Algar Telecom com o CnPQ para testar soluções tecnológicas. O sistema Easybus, desenvolvido com a Universidade Federal de Uberlândia, monitora em tempo real o fluxo de passageiros nos veículos por tecnologia de análise de vídeo. “O protótipo está pronto para ser escalado”, diz João Henrique de Souza Pereira, especialista em inovação da Algar Telecom.

Com a Nokia e o Cesar, de Recife (PE), foram criados o City Totem, com informações para o cidadão e atendimento por vídeo, e o My ID, sistema de identificação de pessoas por smartphone, dispositivos vestíveis e etiquetas NFC ou RFID que pode ser empregado para acesso e pagamentos. A Ioton assina plataforma para desenvolvimento de aplicações IoT Maker, além de sensores e atuadores.

O depósito de resíduos tecnológicos nas lixeiras com sensores de volume, criadas pela New360 e a Fabrimax, rende pontos e prêmios ao usuário. A Logicalis entregou bueiros e lixeiras com sensores de volume e de ambiente que ajudam a evitar vazamentos, o balão em parceria com a Altave para ampliar a cobertura de sinal de dados e a plataforma de IoT Eugênio, que sustenta o Centro de Controle do Bairro Conectado.

Em Croatá, por sua vez, a Smart City Laguna foi idealizada como a primeira cidade inteligente social do planeta. O projeto do grupo ítalo-britânico Planet nasceu em 2011 como piloto e a região foi escolhida pela proximidade ao Porto de Pecém e por sua carência habitacional. O desenho, tocado pela SG Desenvolvimento, leva em conta os pilares de inclusão social, planejamento urbano, meio ambiente e tecnologia.

Da área total de 330 hectares, 15% pertencem à área verde, 10% à área institucional e Fundo de Terra e 31% à infraestrutura. O loteamento restante terá 70% ocupados por residências, 18,9% por comércio e 11,1% por uma área empresarial e um polo tecnológico. Os lotes custam a partir de R$ 30 mil. Casas com dois quartos e 50 m2 valem R$ 100 mil e, com três quartos e 75 m2, R$ 145 mil. A avenida central tem 60 metros de largura e as demais, 32 metros, enquanto as calçadas têm no mínimo 2,5 metros para abrigar árvores.

Além da praça de eventos, um posto de polícia será entregue à prefeitura quando for atingida a marca de 200 casas construídas e, com 500 casas, será a vez de uma escola. O Planet Instituto responde pela biblioteca e pelo cinema já inaugurados, e pela escola de futevôlei em parceria com o argentino Boca Junior. As iniciativas atendem a população das cidades vizinhas. As casas serão construídas no padrão Minha Casa, Minha Vida com projeto arquitetônico diferenciado e sistema de pré-moldados Olé, da construtora More Fácil.

Só serão aceitas no local empresas com tecnologia limpa. A primeira é do próprio grupo, a SG Pré-Moldados, que produz o piso assentado no projeto. Está previsto o uso gratuito de tecnologias como o aplicativo Planet, que traz informações sobre o local, permite monitoramento de recursos como água e energia e estimula a economia compartilhada.

O projeto já tem parceiros como a Siemens e a Enel para o medidor de energia conectado ao aplicativo. A Tim responde pelo poste inteligente, que sustenta serviços 3G e 4G e distribuição de sinal gratuito de wi-fi. A Tyco fornecerá sistemas de segurança. Os investimentos chegam a R$ 50 milhões e 45% já foram empregados, detalha a diretora da SG, Susanna Marchionni. “Já apresentamos o projeto para cidades como Campinas (SP) e Juazeiro do Norte (CE)”, diz.

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